‘Era da Diferenciação’ promete consolidar novos protagonistas no Brasil
Entusiasmada com o Pix e fortalecida pelo aporte da SoFi, a Technisys vai na contramão das fintechs na América Latina e acelera crescimento no país.
– Por Ademir Morata para o Anuário Brasileira de Bancos 2022.
“Nos últimos dez anos a indústria financeira avançou no sentido da digitalização. Os bancos tradicionais se movimentaram nessa direção, os bancos digitais surgiram e as fintechs estão conquistando espaços significativos a cada dia. Mas no futuro, isso tudo não será suficiente. Todas essas companhias terão que mudar, revolucionar e melhorar seus produtos para satisfazer seus clientes. Assim, nos próximos 20 anos, toda a concorrência do mercado vai estar orientada à diferenciação”.
A avaliação é do CEO e cofundador da Technisys, Miguel Santos, que em entrevista exclusiva ao Anuário Brasileira de Bancos, comentou os planos da empresa para o Brasil e seu posicionamento estratégico frente às oportunidades como o Pix e o Open Finance. Após desenvolver uma plataforma bancária digital e core de última geração, a Technisys foi adquirida em fevereiro de 2022 pela SoFi Technologies por aproximadamente US$ 1,1 bilhão.
Pilares de apoio à diferenciação
De olho em um mercado estimado em mais de 10 mil bancos e instituições financeiras que precisam mudar seus sistemas legados para se adaptar a esta nova era da diferenciação de produtos e serviços, Miguel Santos explica que a Technisys se estruturou em três pilares de atuação.
A primeira é um core bancário de próxima geração que administra transações e toda a estrutura para serviços financeiros. Totalmente baseado na nuvem e agnóstico do ponto de vista do produto financeiro, o sistema viabiliza tanto a opção por operações tradicionais como conta corrente e poupança, por exemplo, assim como também agiliza a criação de soluções inovadoras.
Outro pilar é um componente de camada digital voltado à aceleração por meio da construção de aplicações mobile. Essa vertical tem o objetivo estratégico de desenvolver parcerias com fintechs, bancos digitais e também com os bancos tradicionais para ajudá-los a construir verdadeiras empresas digitais sem a necessidade de manter equipes internas de desenvolvedores, analistas de UX, segurança, compliance e uma série de requisitos e especialidades muito variadas e muito demandadas pelo mercado e que, às vezes, são limitantes do crescimento destas companhias.
Finalmente, a terceiro pilar é uma solução de banco conversacional com Inteligência Artificial que permite aos clientes interagir com sistemas como Alexa, Google Assistant ou diretamente no WhatsApp e redes sociais via bot e dar comandos de voz para que esses assistentes paguem, por exemplo, uma conta de consumo ou realizem outra operação qualquer.
A oferta desse portfólio, levou a Technisys a conquistar mais de 60 clientes na região das Américas, que somados às 200 corporações atendidas pela Galileo, outra empresa que faz parte do grupo SoFi, possibilitando r uma capacidade de acesso a mercados distintos e aplicações disponíveis para mais de 200 milhões de usuários finais.
Interesse no Brasil vai de fintechs até os grandes bancos
Miguel Santos explicou que todas as verticais da plataforma da Technisys já estão totalmente em conformidade e cumprem com os requerimentos regulatórios do mercado brasileiro.
O cliente mais recente conquistado pela empresa no Brasil foi o Grupo Banese, em Sergipe, que no mês de junho anunciou o lançamento de seu banco digital, o Desty. Desenvolvido com base na plataforma da Technisys, a instituição se destina atender consumidores das classes C e D, além de empreendedores de pequenas e médias empresas, seja para administrar o orçamento familiar, realizar uma meta de aposentadoria ou impulsionar o crescimento dos negócios. A carteira da Technisys no país conta ainda com marcas como o Banco Original, a CSU e a Veloe.
De acordo com o executivo, ao olhar para o mercado brasileiro a empresa busca atender instituições financeiras de diferentes portes e não apenas fintechs, bancos digitais ou organizações de pequeno e médio porte. “Nós já fizemos inclusive uma prova de escalabilidade junto à Microsoft para avaliar a capacidade de migração dos grandes bancos para nossa plataforma. O resultado foi que conseguimos atender satisfatoriamente até 150 milhões de usuários de forma simultânea. Inclusive, recentemente, integramos nossa plataforma à à Microsoft Cloud para Serviços Financeiros”, afirma.
O Pix como impulsionador de diferenciação
Além das dimensões do mercado, o CEO da Technisys salienta que outra característica atraente do momento no Brasil é o sucesso do Pix, além de uma grande quantidade de iniciativas de Open Banking feitas por distintos atores.
“Ao contrário de alguns países da Europa, que estão optando por um modelo standard para Open Banking, acredito que o modelo brasileiro vem se mostrando cada vez mais interessante e principalmente se destacando globalmente”, destaca.
Ele completa o raciocínio dizendo que além disso, o Pix pode ser pensado como uma característica de Open Banking já que cria um ambiente no qual todos os bancos estão colaborando para intercâmbio de informações e transações, mas, ao mesmo tempo, permite modelos de negócios inovadores.
“O regulador está, aos poucos, agregando novas capacidades e, com o tempo, o Pix será ainda mais potente para proporcionar a criação de cada vez mais produtos novos”, diz. Outro tipo de diferenciação projetada pela Technisys no Brasil é a participação de empresas de diversos segmentos do mercado na oferta de serviços financeiros complementares aos seus negócios. “Estamos vivendo um movimento neste sentido entre varejistas e outros segmentos do mercado B2C e B2B. Inevitavelmente essas companhias vão precisar de empresas como a Technisys para alavancar esses negócios de maneira rápida e econômica, suportando estas instituições a criarem um ecossistema digital robusto e preparado para atender as necessidades e comportamento de seus consumidores“, conclui.